03 fevereiro, 2007

Tempo, perdoa

Naquele dia, percorri o corredor, até ao átrio. Sentei-me num daqueles bancos de madeira, onde, nos intervalos, todos nos encontrávamos. Foi, então, que te vi. Não era a primeira vez que te olhava, mas vi-te, como nunca antes o tinha feito. O teu rosto era pálido e sereno, o sorriso suave, e a testa alta capaz de sobressair entre uma multidão. Ainda hoje sinto a fragrância que libertavas com a solenidade de um anjo.

São os momentos em que me fitavas que a memória melhor recupera. Embora indiferente, era uma olhar intenso, puro e desconcertante, a tal ponto que era capaz de incutir culpa no mais justo e dar o perdão ao mais culpado; um olhar que nos parecia abrir, por instantes, as portas do paraíso, para logo as fechar.

Aquele dia, não o esqueço. Foi nessa tarde de chuva que a minha alma incendiou pela primeira vez. Estranho sentimento este, capaz de nos torturar nas trevas e aconchegar na alvorada. Tempo demais carreguei esse fardo. Tempo demais aceitei a tua indiferença. Tempo demais suportei o teu, e o meu, silêncio. Até te dizer. Sim, eu disse-te. Tu não o notaste...

Mas a paixão não resiste à erosão do tempo. Nem o tempo, implacável, tolera os sentimentos. Perdoa, meu amor, a fraqueza de um diletante. Tempo, volta para trás.

15 janeiro, 2007

Ao ataque!

Em Agosto, esperavam-se novas palavras, por aqui. No entanto, diversas alterações a nível profissional, por parte de alguns dos colaboradores, e a distância física que, entretanto, se interpôs entre todos, impediram que tal sucedesse.
Mas, confesso, não queria fazer este re-re-lançamento, sem garantir a assiduidade e a qualidade dos posts. Para isso, ninguém melhor que os amigos Hélder Beja e Hugo Torres. Companheiros que escrevem com a alma aqui e aqui, respectivamente.
Agora, sim, é caso para dizer: Ao ataque!